Capacitação profissional: de vaqueiro a manejador – o que você precisa saber
Ao longo do tempo, homens e animais desenvolveram tipos de relações intuitivas, com base na própria percepção e, no caso do homem, da herança cultural.
Em se tratando de criação de gado, que cada vez mais ganha a condição de negócio milionário, muitas práticas enraizadas, culturalmente sedimentadas, pautam a lida dos vaqueiros com os animais.
Algumas dessas práticas não representam, todavia, a melhor forma de se lidar com o gado. O manejo mais agressivo, por mais que esteja enraizado e consolidado por um homem do campo embrutecido, é uma prática a ser combatida e substituída.
No próprio dia a dia, também de forma intuitiva, muitos manejadores percebem que é possível obter melhores resultados com um manejo mais gentil. Essa visão de manejo gentil que, vale repetir, é intuitiva, é um passo adiante para o manejo racional, que é aquele feito com base no conhecimento do comportamento do animal.
É aí que entra o contexto da capacitação profissional de vaqueiro, de modo a transformá-lo num manejador de fato.

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A capacitação profissional de vaqueiro tem como finalidade levar aos funcionários da fazenda conhecimento. É com base no conhecimento das razões pelas quais os animais reagem de determinadas formas em face de determinados estímulos que os profissionais serão levados a derrubar mitos que marcam a relação entre o homem e os animais.
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Ele será levado a entender como o ambiente é percebido pelos animais que, por exemplo, uma sombra no chão é percebido pelo bovino como um buraco, que determinadas reações estão relacionadas ao medo causado por agentes imperceptíveis pelo manejador.
Efetivamente, não é tão fácil convencer quem vive o dia a dia do manejo com o gado que é preciso ter capacitação profissional de vaqueiro e manejador para fazer o que ele fez a vida inteira.
Não há, porém, quem resista aos fatos. Trabalhar com amostras de manejo agressivo, manejo gentil e manejo racional é uma forma de fazer saltarem as diferenças nos resultados.
O manejo racional, que inclui uma mudança no conceito das estruturas, é capaz de melhorar o desempenho do gado, seja através do bem-estar, seja através da redução de lesões na carcaça dos animais, seja pela maior agilidade.
Ao conhecer melhor o comportamento dos animais, saber por que eles reagem de forma agressiva ou resiliente a determinadas situações, é o caminho para um manejo mais inteligente e tranquilo, removendo da rotina as condições que levam a tais comportamentos.
Há, inclusive, cursos para capacitação profissional de vaqueiro, onde o aluno é levado a abordar como se comportam os sentidos do animal, sua memória, a zona de fuga e o ponto de balanço, assim como usar todas essas variáveis para melhorar a qualidade do manejo.
Nesses cursos capacitação profissional de vaqueiro, o aluno aprende a aplicar o manejo racional para cada tipo de animal, levando em conta suas peculiaridades.
Há evidências de que por piores que sejam as reações, com o manejo racional o animal acaba colaborando.
Um passo anterior à capacitação profissional de vaqueiro
Convencer um vaqueiro da superioridade do manejo gentil sobre o manejo agressivo através de amostras e comparação é fácil. A questão é apresentar a esse profissional razões para mudar.
A predominância do manejo bruto dos animais pelos vaqueiros deve receber a influência das próprias condições de vida do homem do campo. Esse vaqueiro é tratado com dignidade? Desfruta de condições de vida digna, de bem-estar?
Porque grande parte do manejo racional está centrado em promover o bem-estar do animal. Como convencer esse peão, que vive em condições precárias, que não recebe um tratamento digno, de que é preciso tratar o animal com respeito e dignidade?
Trata-se, portanto, de uma cadeia que envolve patrões, produtores, empregados e educadores, que só pode trazer benefícios econômicos ao setor pecuário, mas que esse benefício seja indutor de bem-estar para todos.
O manejador que é bem tratado, valorizado e vive num ambiente social satisfatório, alegre e de bem-estar certamente será muito mais suscetível à ideia de se envolver em uma mudança cultural que visa obter benefícios econômicos a partir de medidas que visam o bem-estar dos animais. Afinal de contas, é assim também com ele.